”Vivemos uma epidemia de violência doméstica”, alerta deputada cantora Mara Lima em audiência pública

A audiência pública “O Silêncio Pode Matar”, realizada nesta segunda-feira (25), no Auditório Legislativo, por proposição da presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, deputada Cantora Mara Lima (Republicanos), marcou o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres.

A deputada alertou para a violência física, psicológica, sexual e social que atinge as mulheres: ”Vivemos uma epidemia de violência doméstica”. Segundo a organização ONU Mulheres, a violência contra as mulheres e meninas continua a ser uma das violações dos direitos humanos mais frequentes e generalizadas no mundo.

Mara Lima destacou a importância da audiência para avançar na construção de políticas públicas mais assertivas para garantir o direito das mulheres. “Esta audiência mostra que o Legislativo atua em conjunto com a justiça e com os órgãos responsáveis no combate à violência contra a mulher, como o Tribunal de Justiça, o Ministério Público, a Casa da Mulher Brasileira, Delegacias, Guarda Municipal, etc. A Comissão de Direitos e Defesa da Mulher da Casa sempre esteve pronta a auxiliar naquilo que fosse necessário, não só na questão da aprovação de leis, mas também em ações. Além disso, temos aqui a Procuradoria da Mulher e a Bancada Feminina, que atuam em conjunto nesse sentido”.

“Estamos realmente sensibilizados com os dados que temos hoje em nosso estado e no país. São casos alarmantes de violência e, também os órfãos do feminicídio, que é algo que comove o nosso coração. Por isso, nós trazemos essa audiência, para ouvir pessoas envolvidas e toda essa rede de apoio mobilizada no Estado do Paraná, e assim possamos ampliar cada dia mais esse cuidado com mecanismos que ajudem as mulheres a se livrarem dessa cruzada de violência”, concluiu a deputada Cantora Mara Lima.

A juíza Débora Cassiano Redmond, da Coordenadoria Estadual da Mulher em situação de Violência Doméstica e Familiar (CEVID), ressaltou a importância do evento: “A violência doméstica é perversamente devastadora e só conseguiremos enfrentar e diminuir a violência que existe em atacar as mulheres de forma conjunta. Por isso é importante o evento em espaços de debates como esse da Assembleia Legislativa. O dia de hoje, 25 de novembro, é o Dia Internacional de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, então é necessário que atuemos de forma conjunta para minimizar essa estatística”.

E alertou sobre a necessidade de procurar uma rede de apoio: “Temos os canais de denúncias que são anônimos, se estiver sofrendo violência, procurar uma delegacia para registro de Boletim de Ocorrência. O Poder Judiciário está preparado para atender essas mulheres e para evitar que a violência se repita”.

A coordenadora da Casa da Mulher Brasileira de Curitiba, Sandra Praddo, atribuiu o crescimento das estatísticas ao aumento do número de denúncias: “na verdade é um avanço, as mulheres se sentem encorajadas a denunciar. A Casa da Mulher Brasileira é um grupamento que trata a questão na sua totalidade, na sua integralidade, onde tem todos os serviços. A mulher tem mais confiança e vai procurar mais orientação técnica, mais apoio e também acaba por denunciar mais.  Desde junho de 2016 até a presente data, nós fizemos 121 mil atendimentos. Nem sempre de mulheres que foram lá para fazer Boletim de Ocorrência, mas sempre de mulheres que vão receber orientação psicossocial na busca em retomar o protagonismo da sua vida e seguir em frente”.

A coordenadora Sandra Praddo aproveitou a audiência para anunciar novos serviços implantados pela instituição: “Agora temos uma novidade que é o posto avançado da polícia científica, da polícia criminal, para que a mulher possa fazer lá mesmo, na Casa da Mulher Brasileira os exames de corpo de delito de forma que a mulher não tenha a necessidade de nenhum deslocamento externo, isso faz do local um espaço acolhedor com atendimento humanizado, ter todos os serviços que a mulher necessita dentro de um único espaço. Somos 10 dessas Casas no Brasil na mesma modalidade de integralidade de serviços. E tem dado muito resultado. Espero que as denúncias diminuam, que a violência diminua, mas é muito importante todas as mulheres saberem que existe um espaço em Curitiba para que essa mulher seja acolhida”.

Estatística

Mais de 90 mil boletins de ocorrência de violência contra a mulher e 30 mil de violência doméstica foram registrados no Paraná entre janeiro e maio de 2024. Em Curitiba os números de violência doméstica contra a mulher chegaram a 3.800 no mesmo período, segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).

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